“O cristianismo hoje está centrado no
homem, ao invés de ser centrado em Deus. Deus é obrigado a esperar
pacientemente, e até respeitosamente, pelos caprichos dos homens. A
imagem de Deus popular atualmente é a de um Pai distraído, lutando em
desespero inconsolável para levar as pessoas a aceitarem um Salvador de
quem elas não sentem necessidade e em quem possuem muito pouco
interesse. Para convencer essas almas autossuficientes a responderem às
Suas generosas ofertas, Deus fará quase qualquer coisa; até mesmo usar
técnicas de vendas e sussurrar em seus ouvidos do modo mais amigável que
possamos imaginar. Essa visão das coisas é, naturalmente, uma espécie
de romantismo religioso que, embora muitas vezes use termos elogiosos e
por vezes embaraçosos em louvor a Deus, consegue, contudo, fazer do
homem a estrela do show.” (A.W. Tozer)
Não quero parecer severo ou crítico
demais, mas algum de vocês já notou que a vasta maioria da música que
cairia na categoria “Cristã”, na verdade não é a respeito do próprio
Deus? Penso que particularmente este é o caso do Hip-hop cristão, mas
isso também pode ser visto em outros gêneros. Como posso dizer? Bom, a
maioria das músicas que eu ouço é mais sobre NÓS e nossa resposta a
Deus, mas não a sobre o próprio Deus. Não me entenda mal. Há um lugar
para a música que trata de nossa resposta a Deus, mas quando esse é o
caso da esmagadora maioria das músicas, nós lentamente começamos a
distorcer a verdade sobre quem é o Deus ao qual deveríamos estar
respondendo. A citação de Tozer acima foi escrita mais de 50 anos atrás,
mas poderia ter sido escrita ontem. Nossa cultura é extremamente
narcisista e antropocêntrica, e parece que muito da música cristã seguiu
o exemplo. A Bíblia, contudo, é radicalmente teocêntrica, e eu creio
que uma visão radicalmente teocêntrica deveria ser refletida nas canções
que compomos. Por causa de nossas tendências antropocêntricas, as
canções que cantamos sobre Deus geralmente tratam das coisas de que nós
gostamos n’Ele (que normalmente são as coisas que diretamente nos
beneficiam ao máximo), como Seu amor, sua misericórdia e seu perdão,
etc. Essas coisas são gloriosas e nós devemos, sim, compor canções a
respeito delas. No entanto, se só falamos a respeito disso, acabamos
criando uma visão de Deus incompleta e deficiente, que não está alinhada
à Sua autorrevelação.
Então, por exemplo, quando foi a última
vez que vocês ouviram uma música contemporânea que tenha ecoado as
antigas canções de Davi sobre a retidão e a justiça de Deus (Sl 11:7)?
Qual sucesso cristão nas paradas canta juntamente com Naum que Deus é
“ciumento, vingador e cheio de ira” (Naum 1:2-3)? Quem está produzindo
músicas que falam do reino soberano de Deus sobre Sua criação (Sl 2 e
115)? Vocês podem me indicar uma canção popular que celebra a
onisciência de Deus junto com Ana (1Sm 2:3)? E a eternidade de Deus,
juntamente com Moisés (Sl 90:2)? E os julgamentos de Deus, juntamente
com Miriã (Êx 15:21)? Essas coisas são ditas com frequência nas
Escrituras, particularmente no contexto de canções Bíblicas, e ainda
assim elas tendem a estar amplamente ausentes de nossas canções hoje em
dia. Não quero dizer que ninguém esteja fazendo isso. Deus tem levantado
um número crescente de compositores que estão expondo sobre Seu
caráter. Mas quando algo tão fundamental e essencial tem sido tão mal
feito, se torna importante que outros se preparem e contribuam. O álbum
Os Atributos de Deus* é simplesmente minha tentativa de tal
contribuição.
____
* Álbum de RAP cristão intitulado de “Os Atributos de Deus”, onde todas as canções falam sobre um ponto do Ser de Deus. Você pode ouvir samples e comprar o CD neste link.
* Álbum de RAP cristão intitulado de “Os Atributos de Deus”, onde todas as canções falam sobre um ponto do Ser de Deus. Você pode ouvir samples e comprar o CD neste link.
Por Shai Linne © Lyrical Theology. Website: lyricaltheology.blogspot.com
Tradução: voltemosaoevangelho.com