Precisamos testar a nós mesmos, imparcialmente, para saber se estamos
entre o número daqueles que amam a Deus. Para que possamos nos avaliar – uma
vez que o nosso amor será melhor visto por seus frutos –, eu apresentarei
catorze sinais, ou frutos, do amor a Deus, e compete a cada um de nós
averiguarmos cuidadosamente se qualquer destes frutos está crescendo em nosso
jardim.
1. Meditação
O primeiro fruto do amor é a meditação da mente em Deus. Aquele
que está em amor tem sempre os seus pensamentos voltados para o objeto de sua
afeição. Aquele que ama a Deus é arrebatado e transportado pela contemplação de
Deus. “Quando acordo, ainda estou contigo” (Sl 139.18, ARC). Os
pensamentos são como viajantes na mente. Os pensamentos de Davi seguiam a
estrada celestial: “ainda estou contigo”. Deus é o tesouro, e onde está o
tesouro, aí está o coração. Assim nós podemos testar o nosso amor a Deus. Em
que se concentram os nossos pensamentos? Podemos nós dizer que somos
arrebatados de deleite quando pensamos em Deus? Os nossos pensamentos têm asas?
Estão eles elevados às alturas? Contemplamos nós Cristo e a glória? Oh, quão
distantes estão de serem amantes de Deus aqueles que sequer raramente pensam em
Deus! “Que não há Deus são todas as suas cogitações” (Sl 10.4). Um
pecador empurra Deus para fora dos seus pensamentos. Ele nunca pensa em Deus,
senão com horror, assim como o prisioneiro pensa acerca do juiz.
2. Comunhão
O próximo fruto do amor é o desejo pela comunhão. O amor deseja
familiaridade e relacionamento. “A minha alma suspira e desfalece pelos
átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo!”
(Sl 84.2). O rei Davi, ao ser impedido de estar na casa de Deus, no
tabernáculo, o emblema visível da Sua presença, suspira por Deus e, em um surto
santo de desejo, clama pelo Deus vivo. Dois amantes estão constantemente
conversando um com o outro. Se nós amamos a Deus, nós prezamos por Suas
ordenanças, porque ali nós nos encontramos com Deus. Ele fala conosco em Sua
Palavra, e nós falamos com Ele em oração. Assim examinemos o nosso amor a Deus.
Desejamos nós a intimidade da comunhão com Deus? Amantes não podem estar muito
distantes um do outro. Assim também o amor a Deus é dotado de uma afeição
santa; aqueles que O amam não conseguem ficar longe Dele. Eles podem suportar a
falta de qualquer coisa, exceto da presença de Deus. Eles podem viver sem saúde
e sem amigos, eles podem estar felizes sem uma mesa farta, mas eles não podem
estar felizes sem Deus. “Não escondas de mim a tua face, para que eu não
seja semelhante aos que descem à cova” (Sl 143.7). Os amantes têm os seus
desmaios. Davi estava pronto para desfalecer e morrer, caso não tivesse sequer
uma visão de Deus. Aqueles que amam a Deus não podem estar satisfeitos em ter
ordenanças, a menos que possam desfrutar de Deus nelas; o contrário seria para
eles como lamber o vidro, e não o mel.
O que nós devemos dizer àqueles que passam suas vidas inteiras sem Deus?
Eles pensam que Deus pode ser dispensado: reclamam que necessitam de saúde e
negócios, mas não que necessitam de Deus! Homens ímpios não têm conhecimento de
Deus; e como podem amar Aquele a quem sequer conhecem? Não somente isso, mas, o
que é pior, eles não desejam conhecê-Lo. “E são estes os que disseram a
Deus: Retira-te de nós! Não desejamos conhecer os teus caminhos” (Jó
21.14). Os pecadores evitam o conhecimento de Deus, eles consideram a Sua
presença como um fardo; e são esses amantes de Deus? Podemos afirmar que ama o
seu marido aquela mulher que não pode suportar estar na presença dele?
3. Tristeza
Um outro fruto do amor é a tristeza. Onde há amor a Deus, há um
lamentar-se pelos nossos pecados de dureza contra Ele. Um filho que ama o seu
pai não pode senão chorar por ofendê-lo. O coração que arde em amor derrama-se
em lágrimas. Oh! Como eu poderia abusar do amor de um Salvador tão precioso?!
Não sofreu o bastante o meu Senhor sobre a cruz, para que eu O faça sofrer
ainda mais? Devo eu dar-Lhe mais fel e vinagre para beber? Quão desleal e
insincero eu tenho sido! O quanto tenho eu entristecido o Seu Espírito,
negligenciado os Seus mandamentos reais, desprezado o Seu sangue! Isso abre uma
veia de tristeza piedosa e faz o coração bater novamente. “Então, Pedro […]
saindo dali, chorou amargamente” (Mt 26.75). Quando Pedro pensou em como
Cristo afetuosamente o amava; em como ele havia sido levado até o monte da
transfiguração, onde Cristo lhe mostrara a glória do céu em uma visão; pensar
que ele havia negado a Cristo depois de ter recebido Dele tão notável amor,
isso partiu o seu coração de tristeza; ele saiu e chorou amargamente.
Assim testemos o nosso amor a Deus. Nós vertemos as lágrimas da tristeza
piedosa? Nós lamentamos a nossa dureza contra Deus, o nosso abuso de Sua
misericórdia, a fato de não multiplicarmos os nossos talentos? Quão distantes
estão de amar a Deus aqueles que pecam diariamente sem que isso golpeie o seu
coração! Eles possuem um mar de pecados, e sequer uma gota de tristeza. Eles
estão tão distantes de se preocuparem com isso, que fazem piada de seus
pecados. “Quando tu fazes mal, então, andas saltando de prazer” (Jr
11.15, ARC). Ó miseráveis! Cristo sangrou pelo pecado, e vocês riem dele? Esses
tais estão distantes do amor a Deus. Acaso ama o seu amigo aquele que ama causar-lhe
dano?
Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/08/thomas-watson-os-testes-do-amor-a-deus-16/
Por Thomas Watson. Original: A Divine Cordial By
Thomas Watson
Tradução: voltemosaoevangelho.com