terça-feira, 14 de agosto de 2012

OS TESTES DO AMOR A DEUS - Thomas Watson


Precisamos testar a nós mesmos, imparcialmente, para saber se estamos entre o número daqueles que amam a Deus. Para que possamos nos avaliar – uma vez que o nosso amor será melhor visto por seus frutos –, eu apresentarei catorze sinais, ou frutos, do amor a Deus, e compete a cada um de nós averiguarmos cuidadosamente se qualquer destes frutos está crescendo em nosso jardim.
1. Meditação
O primeiro fruto do amor é a meditação da mente em Deus. Aquele que está em amor tem sempre os seus pensamentos voltados para o objeto de sua afeição. Aquele que ama a Deus é arrebatado e transportado pela contemplação de Deus. “Quando acordo, ainda estou contigo” (Sl 139.18, ARC). Os pensamentos são como viajantes na mente. Os pensamentos de Davi seguiam a estrada celestial: “ainda estou contigo”. Deus é o tesouro, e onde está o tesouro, aí está o coração. Assim nós podemos testar o nosso amor a Deus. Em que se concentram os nossos pensamentos? Podemos nós dizer que somos arrebatados de deleite quando pensamos em Deus? Os nossos pensamentos têm asas? Estão eles elevados às alturas? Contemplamos nós Cristo e a glória? Oh, quão distantes estão de serem amantes de Deus aqueles que sequer raramente pensam em Deus! “Que não há Deus são todas as suas cogitações” (Sl 10.4). Um pecador empurra Deus para fora dos seus pensamentos. Ele nunca pensa em Deus, senão com horror, assim como o prisioneiro pensa acerca do juiz.
2. Comunhão
O próximo fruto do amor é o desejo pela comunhão. O amor deseja familiaridade e relacionamento. “A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do SENHOR; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo!” (Sl 84.2). O rei Davi, ao ser impedido de estar na casa de Deus, no tabernáculo, o emblema visível da Sua presença, suspira por Deus e, em um surto santo de desejo, clama pelo Deus vivo. Dois amantes estão constantemente conversando um com o outro. Se nós amamos a Deus, nós prezamos por Suas ordenanças, porque ali nós nos encontramos com Deus. Ele fala conosco em Sua Palavra, e nós falamos com Ele em oração. Assim examinemos o nosso amor a Deus. Desejamos nós a intimidade da comunhão com Deus? Amantes não podem estar muito distantes um do outro. Assim também o amor a Deus é dotado de uma afeição santa; aqueles que O amam não conseguem ficar longe Dele. Eles podem suportar a falta de qualquer coisa, exceto da presença de Deus. Eles podem viver sem saúde e sem amigos, eles podem estar felizes sem uma mesa farta, mas eles não podem estar felizes sem Deus. “Não escondas de mim a tua face, para que eu não seja semelhante aos que descem à cova” (Sl 143.7). Os amantes têm os seus desmaios. Davi estava pronto para desfalecer e morrer, caso não tivesse sequer uma visão de Deus. Aqueles que amam a Deus não podem estar satisfeitos em ter ordenanças, a menos que possam desfrutar de Deus nelas; o contrário seria para eles como lamber o vidro, e não o mel.
O que nós devemos dizer àqueles que passam suas vidas inteiras sem Deus? Eles pensam que Deus pode ser dispensado: reclamam que necessitam de saúde e negócios, mas não que necessitam de Deus! Homens ímpios não têm conhecimento de Deus; e como podem amar Aquele a quem sequer conhecem? Não somente isso, mas, o que é pior, eles não desejam conhecê-Lo. “E são estes os que disseram a Deus: Retira-te de nós! Não desejamos conhecer os teus caminhos” (Jó 21.14). Os pecadores evitam o conhecimento de Deus, eles consideram a Sua presença como um fardo; e são esses amantes de Deus? Podemos afirmar que ama o seu marido aquela mulher que não pode suportar estar na presença dele?
3. Tristeza
Um outro fruto do amor é a tristeza. Onde há amor a Deus, há um lamentar-se pelos nossos pecados de dureza contra Ele. Um filho que ama o seu pai não pode senão chorar por ofendê-lo. O coração que arde em amor derrama-se em lágrimas. Oh! Como eu poderia abusar do amor de um Salvador tão precioso?! Não sofreu o bastante o meu Senhor sobre a cruz, para que eu O faça sofrer ainda mais? Devo eu dar-Lhe mais fel e vinagre para beber? Quão desleal e insincero eu tenho sido! O quanto tenho eu entristecido o Seu Espírito, negligenciado os Seus mandamentos reais, desprezado o Seu sangue! Isso abre uma veia de tristeza piedosa e faz o coração bater novamente. “Então, Pedro […] saindo dali, chorou amargamente” (Mt 26.75). Quando Pedro pensou em como Cristo afetuosamente o amava; em como ele havia sido levado até o monte da transfiguração, onde Cristo lhe mostrara a glória do céu em uma visão; pensar que ele havia negado a Cristo depois de ter recebido Dele tão notável amor, isso partiu o seu coração de tristeza; ele saiu e chorou amargamente.
Assim testemos o nosso amor a Deus. Nós vertemos as lágrimas da tristeza piedosa? Nós lamentamos a nossa dureza contra Deus, o nosso abuso de Sua misericórdia, a fato de não multiplicarmos os nossos talentos? Quão distantes estão de amar a Deus aqueles que pecam diariamente sem que isso golpeie o seu coração! Eles possuem um mar de pecados, e sequer uma gota de tristeza. Eles estão tão distantes de se preocuparem com isso, que fazem piada de seus pecados. “Quando tu fazes mal, então, andas saltando de prazer” (Jr 11.15, ARC). Ó miseráveis! Cristo sangrou pelo pecado, e vocês riem dele? Esses tais estão distantes do amor a Deus. Acaso ama o seu amigo aquele que ama causar-lhe dano?

Fonte: http://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/08/thomas-watson-os-testes-do-amor-a-deus-16/
Por Thomas Watson. Original: A Divine Cordial By Thomas Watson

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

A família na época pós-moderna

 
                                                                                    
                                                                                                   
 Por Hernandes Dias Lopes

A pós-modernidade está firmada sobre o tripé: pluralização, privatização e secularização. A pluralização diz que há muitas ideias, muitos valores, muitas crenças. Não existe uma verdade absoluta, tudo é relativo. A privatização diz que nossas escolhas são soberanas e cada um tem sua própria verdade. A secularização, por sua vez, coloca Deus na lateral da vida e o reduz apenas aos recintos sagrados. A família está nesse fogo cruzado. Caminha nessa estrada juncada de perigos, ouvindo muitas vozes, tendo à sua frente muitas bifurcações morais. Que atitude tomar? Que escolhas fazer para não perder sua identidade? Quero sugerir algumas decisões:

Em primeiro lugar, coloque Deus acima das pessoas. No mundo temos Deus, pessoas e coisas. Vivemos numa sociedade que se esquece de Deus, ama as coisas e usa as pessoas. Devemos, porém, adorar a Deus, amar as pessoas e usar as coisas. A família pós-moderna tem valorizado mais as coisas do que o relacionamento com Deus. Vivemos numa sociedade que valoriza mais o ter do que o ser. Uma sociedade que se prostra diante de Mamom e se esquece do Deus vivo.

Em segundo lugar, coloque seu cônjuge acima de seus filhos. O índice de divórcio cresce espantosamente no Brasil. Enquanto os véus das noivas ficam cada vez mais longos, os casamentos ficam cada vez mais curtos. Um dos grande erros que se comete é colocar os filhos acima do cônjuge. Muitos casais transferem o sentimento que devem dedicar ao cônjuge para os filhos e isso, fragiliza a relação conjugal e ainda afeta profundamente a vida emocional dos filhos. O maior presente que os pais podem dar aos filhos é amar seu cônjuge. Pais estruturados criam filhos saudáveis.

Em terceiro lugar, coloque seus filhos acima de seus amigos. Muitos pais vivem ocupados demais, correm demais e dedicam tempo demais aos amigos e quase nenhum tempo aos filhos. Alguns pais tentam compensar essa ausência com presentes. Mas, nossos filhos não precisam tanto de presentes, mas de presença. Nenhum sucesso profissional ou financeiro compensa o fracasso do relacionamento com os filhos. Nossos filhos são nosso maior tesouro. Eles são herança de Deus. Equivocam-se os pais que pensam que a melhor coisa que podem fazer pelos filhos é deixar-lhes uma rica herança financeira. Muitas vezes, as riquezas materiais têm sido motivo de contendas na hora da distribuição da herança. Nosso maior legado para os filhos é nosso exemplo, nossa amizade e nossa dedicação a eles, criando-os na disciplina e admoestação do Senhor.

Em quarto lugar, coloque os relacionamentos acima das coisas. Vivemos numa ciranda imensa, correndo atrás de coisas. Muitas pessoas acordam cedo e vão dormir tarde, comendo penosamente o pão de cada dia. Pensam que se tiverem mais coisas serão mais felizes. Sacrificam relacionamentos para granjearem coisas. Isso é uma grande tolice. Pessoas valem mais do que coisas. Relacionamentos são mais importantes do que riquezas materiais. É melhor ter uma casa pobre onde reina harmonia e paz do que viver num palacete onde predomina a intriga.

Em quinto lugar, coloque as coisas importantes acima das coisas urgentes. Há uma grande tensão entre o urgente e o importante. Nem tudo o que é urgente é importante. Não poucas vezes, sacrificamos no altar do urgente as coisas importantes. Nosso relacionamento com Deus, com a família e a com a igreja são coisas importantes. Relegar esses relacionamentos a um plano secundário para correr atrás de coisas passageiras é consumada tolice. A Bíblia nos ensina a buscar em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, sabendo que as demais coisas nos serão acrescentadas. Precisamos investir em nosso relacionamento com Deus e em nossos relacionamentos familiares, a fim de não naufragarmos nesse mar profundo da pós-modernidade!


Fonte: http://emquepensar.blogspot.com.br/
Fonte original: http://hernandesdiaslopes.com.br/2012/05/a-familia-na-epoca-pos-moderna/