Por rev. Milton Jr.*
“Ninguém
respeita a Constituição, mas todos acreditam no futuro da nação. Que
País é este?” cantava a banda Legião Urbana, no início da década de 80.
Mais de 30 anos se passaram desde que a música foi escrita e as coisas
só têm piorado. São notórias as contradições do atual governo
brasileiro.
O
governo já passou por cima da Constituição Federal que reconhece como
“família” a união estável entre “o homem e a mulher” (Art. 226 § 3º) e
afirma que “os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são
exercidos igualmente pelo homem e pela mulher” (Art. 226 §5º - grifos
meus), ao reconhecer a união estável para pessoas do mesmo sexo.
Ele
também luta para aprovar o Projeto de Lei 122, que apesar de, com as
modificações do novo substitutivo, permitir “a manifestação pacífica de
pensamento decorrente da fé e da moral fundada na liberdade de
consciência, de crença e de religião de que trata o inciso VI do art. 5º
da Constituição Federal” (PL 122, art. 3º) retira dos pais, por
exemplo, o direito de não contratar uma babá homossexual para seus
filhos, sob pena de um a três anos de reclusão por discriminação (art.
4º), além de outros problemas.
Na
última quarta-feira (14/12/11) o governo deu mais um passo para a
ingerência no âmbito familiar. A comissão especial da Câmara, criada
para discutir a chamada “Lei da Palmada”, aprovou por unanimidade o
projeto de lei que criminaliza o uso de castigos corporais em crianças e
adolescentes, além de prever multa de 3 a 20 salários mínimos a
médicos, professores e ocupantes de cargos públicos que não denunciarem
“casos de agressão”, restando agora a aprovação pelo Senado. Seria
cômica, se não fosse trágica, a ironia de que a lei parte de um governo
pró-aborto. Ou seja, para o atual governo os pais têm direito de matar o
seu filho, ao escolher abortar (e graças a Deus ainda não conseguiram
aprovar essa lei), mas não têm direito de dar umas palmadas, caso sejam
necessárias para a correção.
Os
cristãos, apesar de terem de se submeter às leis do País, têm o seu
próprio livro de Leis, a Escritura Sagrada. Nela aprendemos que, em
alguns momentos, a correção física é necessária (Pv 13.24; 22.15;
23.13-14; 29.15). É claro que o cristianismo não é a favor da violência e
é justamente por isso que o Senhor adverte: “Castiga o teu filho,
enquanto há esperança, mas não te excedas a ponto de matá-lo” (Pv
19.18). Pais crentes, que querem o bem dos seus filhos, diante da lei do
governo caso seja aprovada pelo Senado, devem continuar obedecendo ao
Senhor e fazer aquilo que a Bíblia ordena, pois “importa obedecer a Deus
do que aos homens” (At 5.29).
O
governo já permitiu, em nome da liberdade de consciência e crença
garantida pela Constituição, que o chá alucinógeno do “Santo Daime” seja
consumido pelos adeptos do movimento, a despeito da lei que proíbe o
uso de drogas. Se fosse coerente, permitiria também aos pais cristãos
que colocassem em prática a sua crença, no que diz respeito à educação
dos filhos conforme as Escrituras, mas como é um governo de
contradições, não podemos contar com isso, antes, devemos estar prontos a
sofrer por causa da justiça de Deus (Mt 5.10; 1Pe 3.14).
Os
pais cristãos devem continuar primeiramente amando a Deus e depois aos
filhos, a fim de cumprir na vida deles o papel ordenado pelo Senhor.
Devem ser amorosos, padrão para os filhos, ensinando-os na Lei do Senhor
e corrigindo-os quando necessário a fim de que sejam semelhantes ao
nosso Redentor, ou correr o risco de ver os filhos sendo motivo de
vergonha, quem sabe até como um deputado que legisla de forma tão
vergonhosa, pois “a vara e a disciplina dão sabedoria, mas a criança
entregue a si mesma vem a envergonhar sua mãe” (Pv 29.15).
Ao
mesmo tempo devemos proclamar à nossa sofrida nação e seus governantes o
que cantou de forma poética João Alexandre: “Brasil, há uma esperança,
volta teus olhos pra Deus, justo Juiz”.
Que Deus tenha misericórdia da nossa nação!
*Rev. Milton Jr. é pastor na Igreja Presbiteriana em Praia do Canto - Vitória (ES).
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário